O comediante Jô Soares, que morreu nesta última sexta-feira no hospital Sírio Libanês aos 84 anos, assumiu uma postura política muito clara e deixou uma carta aberta ao presidente Bolsonaro. O apresentador nunca ousou em falar sobre política, mas escreveu sua postura antes de falecer.
O palestrante começou com uma história de alguns grupos nazistas durante a Primeira Guerra Mundial que Bolsonaro alegou serem esquerdistas.
Ele explicou que os dois irmãos formaram um partido político, mas um deles tomou o caminho socialista e foi expulso por discordar de teorias racistas, tendo sua cabeça colocada a prêmio de 500 mil reais.
E terminou a história dizendo que Hitler decidiu retirar o ‘social’ do nome do partido. Em seguida, Jô Soares se dirige ao presidente: “Devo lhe confessar que também já fui alvo de chacota, mas por um motivo totalmente diferente: só peço para que não deboche muito de mim”.
Jair Bolsonaro chegou a receber algumas sugestões na carta do humorista, que passou a listá-las:
“Quando chegar a um prédio e o levarem pata o elevador social, entre sem receio. Isso não fará do senhor um trotskista fanático”
E prosseguiu: “Social climber não se refere a uma alpinista a esquerda. Rosa Luxemburgo não era assim chamada porque só vendia flores vermelhas“.
Encerrou com mais duas orientações: “Picasso não usou seu partido para divulgar seus gigantescos atributos físicos. Quanto a palavra ‘social’, ela também consta até no seu partido”
No fechamento da carta, Jô Soares convida Jair Bolsonaro a ir ao seu espetáculo, e já sabe até em qual lugar o presidente irá assistir ao seu show.
“Claro que eu o colocaria na plateia à direita. Assim, o senhor, à direita, me veria no palco à direita. Só que, do meu lugar no palco, eu seria obrigado a vê-lo sempre a esquerda”, relatou.
“Espero que minha despretensiosa missiva lhe sirva de alguma utilidade. Convicto de ter feito o melhor possível, subscrevo-me”, encerrou Jô Soares. Veja:
